Agentes da Polícia Militar entraram no camarim de Gusttavo Lima em Divinópolis, cidade mineira a 124 quilômetros de Belo Horizonte, para prestar apoio, cantar e presentear o cantor, que tem shows cancelados e investigados pelo Ministério Público por receber cachês milionários dos cofres de prefeituras Brasil afora.
O encontro, registrado em vídeo, foi compartilhado no perfil oficial da corporação no Instagram. Na gravação, um dos agentes diz que entrou no camarim para levar “a solidariedade e o carinho” da Polícia Militar. “Nossa casaca parda esta contigo.”
Em seguida, o agente presenteia Gusttavo Lima com uma camiseta da corporação e passa a palavra para os colegas, que começam a cantar “Balada”, um dos primeiros sucessos do cantor. “Gusttavo Lima e a Polícia Militar”, diz ele, brincando, ao fim da gravação.
Por email, a reportagem procurou a Polícia Militar de Minas Gerais para comentar o caso, mas não obteve retorno.
Lima teve um show cancelado em Minas Gerais no sábado (30). A apresentação, que ocorreria em Conceição do Mato Dentro, foi suspensa porque a verba que a prefeitura tinha usado para pagar o cachê do cantor, de R$ 1,2 milhão, era desviada.
A milhares de quilômetros dali, no sul da Bahia, o cantor teve outro show cancelado nesta sexta-feira (3). A Justiça suspendeu a apresentação a pedido do Ministério Público, que estranhou a prefeitura ter pedido Pix aos moradores para socorrer desabrigados de enchentes em dezembro e agora ter dinheiro suficiente para pagar R$ 704 mil ao cantor.
Gusttavo Lima, que foi o segundo artista mais ouvido do Spotify no ano passado, virou o pivô da polêmica por ter o cachê mais alto entre os sertanejos do país. Outros músicos bastante populares recebem bem menos. A dupla Zé Neto & Cristiano, por exemplo, embolsa entre R$ 180 mil e R$ 550 mil, enquanto Bruno & Marrone tocam por R$ 500 mil, para citar dois exemplos.
Lima nega irregularidades. Por meio de sua assessoria de imprensa, ele afirmou que “não pactua com ilegalidades” e que não é seu papel “fiscalizar as contas públicas”.