A Holanda se tornou nesta sexta-feira (12) o primeiro país da Europa Ocidental a retomar medidas mais rígidas de isolamento social por causa da Covid desde o começo do verão no Hemisfério Norte. O continente voltou recentemente a ser considerado o epicentro da pandemia no mundo.
O governo anunciou que restaurantes e lojas terão que fechar mais cedo, assim como supermercados e lojas de artigos não essenciais. As regras valem já a partir de sábado (13). O primeiro-ministro Mark Rutte disse que as restrições que os holandeses pensavam que haviam acabado para sempre serão impostas a princípio por três semanas.
“O vírus está em toda a parte e precisa ser combatido em todos os lugares”, disse o político, em pronunciamento televisionado. O governo também proibiu a presença de torcedores em grandes eventos esportivos e passou a recomendar que os holandeses não recebam mais do que quatro visitantes em casa e, se puderem, voltem a trabalhar em esquema de home office.
Rutte chamou o anúncio de “mensagem muito desagradável, com medidas muito desagradáveis e de longo alcance”.
Pelas novas regras, bares e supermercados deverão fechar as portas às 20h, e lojas não essenciais, às 18h. A emissora de televisão EuroNews noticiou que uma organização que representa proprietários de comércio reclamou da decisão. “O setor de serviços está, novamente, pagando a conta pelas falhas das políticas governamentais”, declarou a entidade, em comunicado.
Por outro lado, escolas, cinemas, teatros e salas de concerto permanecerão abertos.
De acordo com a agência Reuters, o governo estuda também adotar uma espécie de “passaporte sanitário”, restringindo o acesso de pessoas não vacinadas a locais fechados. A medida, caso o Executivo decida tomá-la, terá que ser aprovada pelo Parlamento.
A Holanda é um dos países que têm convivido com uma piora recente nos números da pandemia.
As novas infecções ultrapassaram a marca de 16 mil pelo segundo dia consecutivo nesta sexta, batendo o recorde de 20 de dezembro, quando foram registradas 12.997 infecções. As mortes, por outro lado, se mantêm em índice relativamente baixo, com 32 nas últimas 24 horas -o recorde é de 6 de abril, quando registrou-se 232 óbitos.
A alta nas infecções começou com o relaxamento das restrições, no fim de setembro, e tem pressionado hospitais de todo o país, obrigados a reduzir o atendimento a pacientes com outras doenças para tratar quem está com Covid-19.
Segundo dados do governo holandês, 82,4% da população com mais de 12 anos já foi completamente vacinada contra o coronavírus -entre quem tem 18 anos ou mais, o índice vai a 84,4%. Em comparação, no Brasil, essas porcentagens são, respectivamente, de 69,3% e 76,1% da população.
O anúncio de restrições vem um dia depois de o painel consultivo para a pandemia do governo holandês recomendar a imposição de um lockdown parcial, com fechamento de teatros e cinemas, suspensão de grandes eventos e diminuição do horário de funcionamento de restaurantes e cafés, segundo a emissora NOS.
A recomendação, no entanto, era de que as medidas valessem por duas semanas, uma a menos do que foi anunciado nesta sexta.
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