Alguns dias depois do primeiro turno das eleições, o filho mais novo de Marcia (nome fictício) voltou da escola relatando um diálogo entre dois amiguinhos:
- Não sou mais teu amigo se você vota no Lula.
- Não, então eu não votei no Lula, eu votei no Ciro!
Detalhe importante: são crianças de pré-escola. Têm cinco anos de idade.
“Na escola do meu filho, tem duas crianças que ficam falando ‘Lula é ladrão’, e todas falam como se elas próprias votassem. Tem uma continuidade entre o (voto do) adulto e a criança. Mas começou algo bizarro, que são discussões do tipo ‘se você votou no Lula, não troco figurinha da Copa com você’”, conta Marcia, que mora em Florianópolis (SC) e é eleitora declarada de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Marcia ficou ainda mais incomodada quando a briga virou física: houve um dia em que o filho dela voltou chorando por ter recebido um puxão de cabelo após uma discussão sobre os candidatos à Presidência.
“Chegou ao ponto em que ele (o colega) falou: ‘vou bater em você porque você votou no Lula’. E bateu.”
Ali mesmo. Marcia não chegou a conversar com a família da outra criança.
“Nem tenho o contato do pai, porque ele parece ser muito bolsonarista. E o filho fica falando de Cristo, fala que menino não pode usar roupa tal. Eu nem quero que o meu filho ande com ele”, diz ela.
Na escola do filho mais velho de Marcia, de 8 anos, quem apanhou dos amigos foi uma “criança bolsonarista”, que era minoria na classe. Mesmo sem o episódio envolver diretamente seu filho, Marcia achou tudo “bem grave”.
Assim como nesses casos, em meio ao calor das eleições, têm pipocado pelo país relatos de discussões partidárias que levaram a brigas ou situações delicadas nas escolas. E envolvem até mesmo crianças pequenas, ainda incapazes de entender a complexidade do debate político.
Na capital catarinense, onde Marcia mora, 45,67% dos eleitores votaram em Bolsonaro e 42,43%, em Lula no primeiro turno.
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