A Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), vêm chamando a atenção para uma questão preocupante: o aumento no número dos casos de sarampo em todo mundo, que cresceu 79% somente nos primeiros dois meses de 2022, em comparação com o mesmo período do ano passado. No Brasil, já foram confirmados surtos da doença em São Paulo, Pará, Rio de Janeiro e Amapá. Para impedir a progressão da transmissão do vírus é extremamente importante a cobertura vacinal para crianças e adolescentes menores de 15 anos. Apesar de disponível em mais de 38 mil postos em todo o território nacional, menos de 40% do público-alvo compareceu para tomar a tríplice viral – vacina que protege contra sarampo, caxumba e rubéola. “O sarampo é uma doença infecciosa, altamente contagiosa, que normalmente aparece na infância, embora também possa ocorrer em adultos. Os principais sintomas incluem conjuntivite, manchas brancas nas partes internas das bochechas, erupções na pele, coriza, mal-estar, tosse e febre, podendo evoluir para complicações e até levar à morte. Qualquer pessoa com sarampo pode ter algum comprometimento da visão, porém, crianças menores de cinco anos, indivíduos desnutridos ou imunocomprometidos tendem a desenvolver quadros sistêmicos e oculares mais graves”, ressalta a oftalmologista Micheline Borges Cresta, especialista em Córnea no Grupo INOB, empresa do Grupo Opty.
A médica alerta que gestantes não vacinadas que contraem sarampo podem passar o vírus ao feto por meio da placenta, aumentando o risco de complicações incluindo aborto, parto prematuro, doença neonatal, baixo peso ao nascer e morte materna. Após o nascimento, se a doença é adquirida nos primeiros meses de vida, podem ocorrer cegueira relacionada a lesões graves na córnea com risco de perfuração ocular, cicatrizes e ambliopia. “Crianças diagnosticadas ou recém-nascidos de mães que tiveram a doença, devem fazer um acompanhamento especializado para evitar problemas mais graves. Por isso, a vacina é tão importante, ela reduz para quase zero o risco da criança sofrer danos oculares. Na maioria dos casos, verifica-se apenas um quadro leve de ceratite ou conjuntivite”, afirma.
A especialista também chama atenção para a panencefalite esclerosante subaguda relacionada ao vírus do sarampo – um quadro raro que atinge a faixa etária entre 5 e 14 anos – e o envolvimento ocular com risco de cegueira, que ocorre em cerca de 50% dos casos com corioretinite focal, podendo acometer região macular da retina dos dois olhos.
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